Alguns temas são delicados, como a reativação de usinas nucleares ou mesmo a união entre pessoas do mesmo sexo
Desde que assumiu o posto de primeiro-ministro, Fumio Kishida se defrontou com vários problemas que atingem o Japão diretamente. A agência France Presse separou os cinco principais problemas que o governo terá que resolver:Retomada da economia: o primeiro-ministro Kishida prometeu em sua campanha estímulos em “grande escala” para conter os efeitos negativos da pandemia na economia. As empresas, porém, ainda aguardam detalhes de como isso será feito, após praticamente dois anos sofrendo fortes restrições devido às medidas lançadas para conter a disseminação do coronavírus.
O premiê comentou que pretende ajustar o programa “Abenomics”, do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, que inclui grandes gastos do governo, flexibilização monetária maciça e redução da burocracia. Mas ao mesmo tempo Kishida prometeu que haverá uma distribuição mais justa dos benefícios da atividade econômica à sociedade, dizendo que quer criar um “novo capitalismo”.
Controle da pandemia: o número de infecções diárias no Japão caiu drasticamente em relação a agosto, ainda que o estado de emergência tenha sido suspenso. Especialistas creditam o fato ao avanço da vacinação, com mais de 70% da população totalmente imunizada, além da previsão de administrar a terceira dose, também chamada de dose de reforço, em dezembro.
As medidas restritivas à operação de alguns negócios, como restaurantes e bares, por exemplo, têm sido retiradas, mas as portas do país continuam fechadas para muitos estrangeiros. Kishida disse que a luta contra a Covid-19 é a sua “prioridade máxima”.
Ameaças geopolíticas: o Japão tem vivido ameaças constantes por parte da Coreia do Norte, que dispara mísseis no mar, enquanto a China intensificou suas manobras militares no Pacífico, chegando cada vez mais perto de águas territoriais japonesas.
As relações de Tóquio com Moscou e Seul também têm sido tensas em razão de disputas territoriais. Somado a isso, o Japão tem emitido declarações mais diretas sobre Taiwan, o que irrita a China, e Kishida manifestou desejo de se encontrar com aliados importantes o quanto antes.
O primeiro-ministro disse ainda que quer aumentar, possivelmente dobrar, o orçamento militar do país, o que é um tema delicado, já que a Constituição do pós-guerra limita o papel defensivo do Japão.
Transição para energias renováveis: o Japão se tornou dependente de combustíveis fósseis depois que seus reatores nucleares foram desligados após o incidente em Fukushima em 2011.
O ex-primeiro-ministro Yoshihide Suga havia definido que o Japão deverá se tornar neutro em emissão de carbono até 2050, firmando metas climáticas para o país.
Kishida quer assumir o papel de “liderança em prol de emissões zero na Ásia" e já viajou para participar da COP26 em Glasgow, na Escócia. Ele disse ser favorável à reativação dos reatores nucleares para reduzir a dependência em termos de energia. Mas esse é outro tema delicado em razão da catástrofe ainda presente na usina de Fukushima.
Questões familiares: entre os países mais ricos do mundo, que formam o G7, o Japão é o único que não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo e Kishida já disse que “não chegou a um ponto de aceitar” o tema.
Uma pesquisa do jornal Yomiuri feita em 2020 revelou que 61% dos japoneses são favoráveis ao matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, com 37% contra.
No início do ano um tribunal decidiu que o fracasso do Japão em reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo era inconstitucional. Kishida assumiu uma postura mais branda ao permitir que os casais mantenham sobrenomes separados, acrescentando que é "importante avançar nessas discussões".
Fonte: Alternativa
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